A ordem de importância que prevalece, para que informações causem contundência em nós, é baseada no estímulo sensitivo. A escrita têm menos valor (para contundência) do que a fala, pois a fala provém 1001 maneiras de expressão de uma simples frase; uma frase escrita não têm o mesmo impacto que uma frase falada. E, se você brigar na rua, dificilmente você vai esquecer das pancadas que levou. Se você beijou sua namorada, você vai se lembrar mais, e mais intensamente, do beijo, do que quando ela lhe disse a frase “eu te amo” (variações da regra à parte).
Mas, a palavra escrita é definitiva. É fiel ao seu proposto. Pode-se mentir pela escrita, mas essas mentiras são gravadas na alma de quem escreve. O papel de quem escreve não é a marca “Chamex”, mas a sua própria alma. Digo que são “mentiras verdadeiras”, porque estão totalmente explicitadas ali na folha, e não implícitas. E quem lê tem toda a disponibilidade para a interpretação de algo imutável que está em suas mãos. A palavra falada não é definitiva; ela nasce e morre em alguns segundos, e é sujeita às variações causadas pela malícia humana; é aí que se instala a instabilidade moral. Suponho então que, se todos os seres humanos ficassem calados, e só tivessem possibilidade de comunicação pela escrita, o mundo seria bem melhor, mais pacífico. Ou mais estável. Pois, por exemplo, se Hitler comandasse o povo sem suas apresentações teatrais, mas apenas por folhetos, duvido que teria êxito em seu plano. O povo também pensaria mais antes de decidir, pois poderia reler quantas vezes quiser, a mesma coisa. Haveria mais divergências de idéias.
Como eu disse, a palavra falada não é definitiva, é relativa; e ela nasce e morre em alguns segundos. Esta só terá valor moral e fidelidade, igual à da escrita, se dita sem malícia e sem intenção. A fala de uma criança têm mais importância que a sua, adulto, porquê ela não tem pretensão. Nunca subestime uma criança, adulto leitor deste texto, porque a palavra dela vale mais que a sua. E não há pensamento, nem ciência, que é dominada pelo adulto, capaz de superar isso.
Por fim, se você receber a informação sensorial física de que seu pé foi perfurado com um caco de vidro, essa informação vai durar a vida toda no seu pensamento e no seu pé. E ela talvez se cicatrize antes do dia do seu falecimento, e a marca, no pé e no pensamento, desaparece junto com o seu corpo.
A escrita é eterna (enquanto o material – tanto papel, digital ou cerebral - que lhe guarda, durar); a fala só dura quando se instala no ouvido de outro, e enquanto o outro ainda lembra; e a cicatriz morre com o seu dono.
Escreva sempre, nem que seja só pra você mesmo, pois é assim que se descobre a verdadeira determinação de sua alma. É impressionante, mas quem mais descobre é o leitor da sua própria escrita. E, ainda, você pode ficar para a eternidade.
Abraço.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
A informação e a escrita
Postado por Fernando Assad às 20:23
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24 Comments:
Shakespeare, Dostoiéviski, Tostói, Dumas e todos os grandes monstros sagrados da literatura tornaram-se imortais porque o seu gênio ficou impresso em folhas de papel.
Gostei muito do seu blog
o conteúdo é MUITO bom :)
parabénsssss
^^
Eu adoro escrever, nem que seja as minhas besteiras lá no blog.
=p
Adorei o Novelo!
E tenho a mesma opinião sua:
o escritor sempre escreve para si mesmo!
Show!
Fiquei fã!
Bju
LIM
http://lilianmello.blogspot.com
nFiz uma postagem sobre isso ha alguns dias...
Papel é a minha invensão/descobrimento preferida.Beijokas , o texto ta bem legal!!
Mentiras verdadeiras e verdades mais verdadeiras ainda. O bom da escrita é que podemos errar e concertar, pensar antes de falar, saber se o sujeito concorda com o verbo (literalmente e figurativamente). Tua tese é otima!
A escrita é tão eterna que hoje encontramos escritas de milenios atrás. Inclusives, muitas delas linguas mortas.
Acredito que podemos nos tornar imortai por meio da escrita, curti seu texto, parabéns pelo blog!
E se você gostar de um entretenimento nostálgico, irreverente e sem compromissos dá uma passadinha lá no IMPRESSIONANTE!
Abraços!
Sendo bem sincera, não entendi bem o que você quis dizer.
Talvez porque você use períodos muito longos, além de parágrafos longos também.
Eu já escrevi sobre o poder das palavras, independentemente de orais ou escritas.
http://entrudo-de-miramar.blogspot.com/2007/12/o-poder-das-palavras.html
O que acho é que, na vida real, palavras - orais ou escritas - podem ser prescindíveis. Mas, enquanto carta, literatura, são profícuas.
Mas, sinceramente, não entendi direito porque palavra escrita é diferente de falada. Por causa das mãos, dos gestos, da impressão?
Ou você quis falar da falta de necessidade de palavras?
Seu texto, para mim, não é coeso, nem coerente. Você, por exemplo, comenteu um erro crasso de pontuação logo no primeiro período, pois não se separa sujeito de predicado se a oração vier na ordem direta.
Mas, ortograficamente, seu texto é muito bom.
Ok. Vamos por partes.
1º Você é professora de português? Eu sei que meu português, modestamente falando, é ótimo. Mas o tempo pra meu estudo da língua portuguesa é escasso (como aparece no meu pequeno erro de pontuação, que considero banal), além disso eu gosto de ler sobre várias áreas de estudo, além do português, eu desde a adolescência faço o curso de Odontologia, e estou quase me formando. Se você têm tempo para se dedicar tanto ao português assim, é porque provavelmente não sai disso.
2º O meu texto é de fácil compreensão. E, na minha opinião, é coerente, sim. Todos os que passaram aqui e leram, gostaram. Talvez, até pessoas de mais gabarito que você (não sei qual é o seu). Qualquer pessoa entende o que escrevi. Talvez seja porque eu não caia no lugar-comum, que é o que você faz nos seus textos. Será uma pontinha de inveja? Está parecendo...
3º Não entendeu a diferença da palavra escrita para a falada? Será? É tão óbvio, que não preciso nem explicar no texto.
4º Eu elogiei seu texto sobre o álcool, mas não devia ter feito isso. O seu texto é uma mera repetição. É um texto comum, que em qualquer folheto se lê algo parecido. E isso, eu não faço, acho uma pobreza intelectual.
Curiosamente, eu não tive a intenção de chateá-lo. Eu fui sincera. Há textos meus que nem eu entendo - e eu já os postei, e as pessoas, intrigantemente, entenderam.
Quer ver uma coisa? A própria escritora Clarice Lispector escreveu dois contos os quais não entendeu. E quantas e quantas pessoas não acham a autora brilhante?
Um dos contos é "O Ovo e a Galinha". Você já leu? Não é inintelígivel? Pois é, todo mundo pode escrever coisas incoerentes.
Enfim, o erro que assinalei é verdadeiro. Não sou professora de português, eu faço engenharia eletrônica.
E imagina se você fosse um escritor, há críticas boas e ruins. Mas o que seria dum escritor sem a crítica? E a própria polêmica da crítica leva à ascensão.
Imagina só o que seria da Anita Malfatti sem a crítica do Monteiro Lobato. E aquilo foi deveras ácido.
E, de fato, como diria Machado, a culpa é do leitor, no caso, minha.
Quem disse que você me chateou? Isso não me chateou, eu apenas respondi no mesmo tom à você. Para algo me chatear, precisa-se de muito mais.
A crítica existe, sim, não existem só elogios.
Escrever é um imenso prazer.
Ninguém faz revanche à toa.
E tudo, Fernando, é intertexto. Isso de ser genuíno é ingênuo, inclusive nas ciências exatas.
O que se quer é trabalhar com os mecanismos já existentes de forma eficaz.
Raramente se é original.
parabens cara otimo texto...
alias todos sao..
blog muito bom....
continue postando esses maravilhosos textos e blogando sempre..
abraços
http://bombadigital.blogspot.com/
Oi Maiara sabe é curioso... eu nao tenho um portugues perfeito.. é claro nao sou do brasil.. mas nao preciso ser de Brasil, Argentina, Italia, EEUU etcc... para saber o que vc nao entende....
Maiara diz:
Mas, sinceramente, não entendi direito porque palavra escrita é diferente de falada. Por causa das mãos, dos gestos, da impressão?
Alguma vez.. alguem escreveu para vc a palavra te amo?? e bonito neh.. ler isso.... mas sabe uma coisa... quando essa pessoa fala um te amo e vc pode ver seus olhos pode ter certeza que vai sentir cosquinhas ate na sua alma.
tenta e vai descobrir porque a palavra escrita e diferente da falada.
Beijos!
Parabens Gostei muito do seu blog
Oi Fernando!
Te indiquei para mais um prêmio:
http://lehipopotame.blogspot.com/2008/01/blog-cabea-nas-nuvens.html
Abs!
Ana
http://lehipopotame.blogspot.com
"e a cicatriz morre com o seu dono."
pela frase :)
ah, escrever é realmente tudebão :)
qualquer espaço em branco é preenchido por meus rabiscos.
dominar a gramática é algo essencial pra todos, inclusive pra mim que tenho vestibular no final desse ano :/
:*
Adoro escrever, mesmo que sejam as bobagens lá do meu blog. =p
Adoro a forma de expressão, mesmo que ela seja menos apreciada e utilizável que a fala. =D
Papel não corre risco de vírus.
Mas devemos escrever SEMPRE e bem, afinal, papel aceita tudo. rsrs
mto bom seu blog!
sucesso
cara, eu amo escrever
sem arte, poesia e música minha vida não faria sentido
ótimo texto, falas como um revolucionário ser de aura índigo, parabéns mesmo
e valeu a visita, volte sempre
aah muitas vezes só lembro das coisas pelas coisas que escritas ficaram..
x)Escrever é algo importante mesmo, palavras se perdem após passar por seus dois ouvidos..
take care!
"Escreva sempre, nem que seja só pra você mesmo, pois é assim que se descobre a verdadeira determinação de sua alma"
Parabéns por tudo o que foi escrito, onde eu concordo plenamente! Realmente, é isso o que eu quero fazer, ainda que eu procure a determinação da minha alma.
Abraços e parabéns pelo blog!
Leandro Merlllin
http://www.olhardesaldejack.blogspot.com/
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